O ano hidrológico de 2021/2022 continua a ser o segundo mais seco de sempre desde 1931, ano em que se iniciaram estes registos, registando-se menos 408 mm de precipitação comparativamente à média de 1971-2000.
Todo o território continental de
Portugal está em seca severa ou extrema, não sendo previsível a ocorrência de precipitação significativa nas próximas semanas, e o armazenamento de água em diversas albufeiras está nos seus níveis mais baixos de sempre, ou seja, em situação de emergência.
A Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca reuniu pela nona vez, no passado dia 21 de junho, para fazer o ponto de situação da seca em Portugal e dos seus efeitos nos diferentes setores. Considerando este cenário, têm sido tomadas algumas medidas de contingência destinadas a minimizar os impactos desta seca no setor do abastecimento público de água para consumo humano.
Têm sido apoiadas a reativação de captações públicas de água subterrânea, o condicionamento de produção de energia hidroelétrica e a realização de intervenções nalgumas barragens. Com o objetivo de manter a sensibilização da população para a necessidade de fazer um uso racional da água, serão incrementadas campanhas de sensibilização ao nível local, regional e nacional.
A eficiência é ainda a grande solução para o aumento da resiliência dos sistemas de abastecimento público de água, o que obriga a medidas de médio e longo prazo, mas a ERSAR considera que existe um conjunto de medidas de curto prazo que devem ser implementadas nas situações mais preocupantes.
Deste conjunto de medidas, destacamos a redução de pressão nas redes, o controlo ativo de fugas, a restrição ou supressão das regas dos jardins, a utilização de outras origens de água para fins menos nobres como a lavagem das ruas e contentores e, se necessário, o encerramento de piscinas públicas, apesar da época estival que vivemos.
A ERSAR, enquanto regulador setorial do serviço de abastecimento de água para consumo humano, reitera as suas recomendações para que as entidades gestoras integrem nos seus planos de atividades futuros as medidas necessárias para a prestação de um serviço contínuo e sem interrupções para todos os utilizadores, em condições de eficiência hídrica e financeira.
Só assim o setor de abastecimento de água pode ser verdadeiramente resiliente às inevitáveis dificuldades que estamos a enfrentar e que se vão tornar cada vez mais frequentes no futuro.