Água da torneira para consumo humano mantém-se no patamar de excelência
A ERSAR publica o relatório sobre o controlo da qualidade da água para consumo humano referente a 2023, onde é possível consultar os principais resultados obtidos neste controlo e confirmar a consolidação do patamar de excelência na qualidade da água fornecida na torneira dos portugueses, com um resultado de 98,77 % para o indicador “água segura”.
Partilhe esta página
Imagem da Página
O setor do abastecimento público de água em Portugal continental tem sofrido uma evolução muito positiva nos níveis da qualidade da água fornecida na torneira dos consumidores, podendo assegurar-se hoje que 99 % da água controlada é de boa qualidade (água segura), quando em 1993 este indicador se cifrava apenas nos 50 %.
Os resultados do indicador “água segura” obtidos nos últimos anos, têm revelado a consolidação deste patamar de excelência na qualidade da água consumida pelos portugueses, que introduz uma enorme exigência ao setor e que deve ser mantido.
Evolução do indicador água segura
De facto, as melhorias verificadas na qualidade da água são sustentadas por um controlo exigente, acompanhado por um crescente rigor na aplicação da legislação pelos diferentes atores no processo (ERSAR, entidades gestoras, autoridades de saúde e laboratórios), traduzido na realização da quase totalidade das análises impostas pela legislação e numa crescente melhoria da fiabilidade dos resultados analíticos.
O relatório agora publicado apresenta, de forma detalhada, os níveis de qualidade da água para consumo humano fornecida na torneira do consumidor em 2023, em Portugal continental, fazendo ainda uma análise à sua evolução ao longo dos últimos anos, permitindo avaliar os progressos feitos no serviço de abastecimento de água e no controlo da qualidade da água fornecida.
Salientam-se de seguida algumas conclusões relevantes que se encontram detalhadas no relatório:
- O indicador “água segura” em Portugal continental situou-se em 2023 no valor de 98,77 % (98,88 % em 2022), confirmando a tendência pelo nono ano consecutivo da manutenção deste indicador no valor de 99 %, ou seja, de excelência na qualidade da água para consumo humano. O valor deste indicador reflete o controlo da qualidade da água, tanto pela realização do número mínimo de análises regulamentares previstas nos Programas de Controlo da Qualidade da Água (PCQA) aprovados pela ERSAR, como pelo cumprimento das normas da qualidade da água (valores paramétricos) nas análises realizadas;
- Estes resultados são particularmente positivos considerando que, com a recente introdução da avaliação de risco no ciclo de regulação, o controlo analítico passou a focar-se mais nos problemas, aumentando a exigência - com mais análises aos parâmetros sinalizados por esta avaliação de risco, incentivando o setor a adotar medidas também mais dirigidas;
- A amplitude das assimetrias regionais tem vindo a diminuir, evidenciando o esforço que é feito por todos os atores deste setor para garantir, em condições de igualdade, água na torneira com qualidade para todos os portugueses, independentemente da sua localização geográfica. Ainda assim, os dados resultantes do controlo efetuado à qualidade da água para consumo humano continuam a evidenciar algumas diferenças entre a qualidade da água no litoral e no interior;
- Mesmo nas pequenas zonas de abastecimento, historicamente mais propensas a apresentar incumprimentos dos valores paramétricos da qualidade da água para consumo humano o resultado obtido é muito próximo do valor de excelência, com um indicador de água segura de 98%. Não obstante, a dimensão das zonas de abastecimento também continua a ser um fator diferenciador no que respeita ao indicador água segura, sendo nas pequenas zonas de abastecimento (até 5 mil habitantes) que se concentram a maioria dos incumprimentos dos valores paramétricos e menores percentagens de cumprimento dos valores paramétricos. De referir, no entanto, que se mantém a tendência de diminuição do número de zonas de abastecimento, em particular destas zonas mais pequenas, registando-se uma redução em 12 % no número de zonas de abastecimento últimos 10 anos, que é um resultado muito positivo, fruto do trabalho conjunto das entidades gestoras com a ERSAR;
- No ano de 2023, tal como em 2022, não houve relatos de surtos epidemiológicos associados à ingestão de água para consumo humano proveniente de sistemas de abastecimento público. É importante salientar que existem procedimentos bem definidos para as entidades gestoras promoverem a resolução atempada de eventuais problemas em articulação estreita e fundamental com as autoridades de saúde e com a ERSAR, de forma a salvaguardar a proteção da saúde humana.
Os excelentes resultados obtidos na qualidade da água da torneira em Portugal continental no passado recente reforçam a necessidade de assegurar uma progressiva profissionalização na gestão dos serviços de abastecimento público e, mais especificamente, do controlo da qualidade da água para consumo humano, em particular nos sistemas e zonas de abastecimento de menor dimensão, garantindo que este é feito de acordo com as exigências introduzidas pelo
Decreto-lei n.º 69/2023, de 21 de agosto mais direcionado para as especificidades de cada sistema de abastecimento, por via da implementação da abordagem da avaliação e gestão do risco. É também fundamental reforçar a boa articulação entre a ERSAR, a APA, os serviços de saúde pública, as entidades gestoras, os laboratórios e as demais entidades intervenientes.
O relatório anual do controlo da qualidade da água, agora publicado, constitui o Volume 2 do RASARP 2024 e sintetiza a informação mais relevante referente à qualidade da água para consumo humano, tendo por base os controlos analíticos realizados e referenciada a 31 de dezembro de 2023.
Um resumo com as principais conclusões do relatório encontra-se disponivel infra nos "Documentos Associados".